O Brasil participará da criação da próxima geração de satélites caçadores de planetas. O projeto, denominado Plato (cujo nome é a sigla de "trânsitos planetários e oscilações de estrelas") é uma versão aperfeiçoada dos dois atuais caçadores de planetas, o Corot (europeu) e o Kepler (americano).
Ele será capaz de detectar e caracterizar planetas de todos os tipos, inclusive telúricos [rochosos] na zona habitável. Isso é uma coisa que o Corot não faz, e o Kepler deve acabar fazendo, mas só daqui a uns três anos.
O envolvimento de cientistas nacionais com o projeto se deu graças às contribuições feitas para o satélite Corot, lançado em 2006.
Criado como um projeto francês, o Corot se abriu para parceiros para reduzir custos e melhorar seu desempenho. Sem recursos para investir na sonda, o Brasil participou com a estação de coleta de dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em Natal, para receber transmissões. Isso dobrou a eficiência do Corot.
Além disso, brasileiros ajudaram a elaborar um software para análise dos dados do satélite.
Assim, o Brasil passou a participar das decisões científicas da missão, como a escolha de alvos.
Um dos avanços é que agora o Brasil terá de produzir software de bordo para o satélite.
Um dos aspectos que destacam o Plato como um caçador de planetas é o fato de que ele não só será capaz de detectar outros mundos passando na frente de suas estrelas-mães como também coletará informações que permitirão determinar a idade desses sóis.
Como a idade da estrela corresponde mais ou menos ao tempo de existência do sistema planetário circundante, será possível saber quantos anos têm os mundos descobertos, com uma margem de erro de 400 milhões de anos (um décimo da idade do Sol).
Assim, será possível analisar um outro aspecto dos planetas extrassolares, comparando-os pela idade e estabelecendo padrões evolutivos para esses mundos.
Outra melhoria é o número de alvos que ele poderá sondar. A missão está sendo projetada para durar seis anos, mais dois em extensão, e rastreará 50% do céu. Serão cerca de 300 mil estrelas-alvo, número muito maior que o atingido por Corot e Kepler, cerca de 25 mil.
O Plato já está sendo desenvolvido, mas seu lançamento ainda pende por uma vitória: ele concorre com outros dois projetos por duas vagas no orçamento da ESA.
Além dele, há o Euclid (voltado para o estudo da energia e matéria escuras) e o Solar Orbiter (focado no estudo do Sol). O trio saiu de uma concorrência ainda maior, que envolveu 52 propostas.
A definição da ESA deve sair em outubro, e as chances de o Plato receber o sinal verde são boas.
Apesar disso, a decolagem não deve acontecer antes de 2017.
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